domingo, 11 de setembro de 2011

Antero de Quental - "A uma amiga" (18/04/1842 - 11/09/1891)

Aqueles, que eu amei, não sei que vento
Os dispersou no mundo, que os não vejo…
Estendo os braços e nas trevas beijo
Visões que à noite evoca o sentimento…

Outros me causam mais cruel tormento
Que a saudade dos mortos… que eu invejo…
Passam por mim, mas como que têm pejo
Da minha soledade e abatimento!

Daquela Primavera venturosa
Não resta uma flor só, uma só rosa…
Tudo o vento varreu, queimou o gelo!

Tu só foste fiel – tu, como dantes,
Inda volves teus olhos radiantes…
Para ver o meu mal… e escarnecê-lo!

Antero de Quental, Sonetos Completos, Europa-América


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